O que seria do café da esquina, sem meus lábios magros para dar destino?
O que seria da estante, sem minhas mãos frias para remexer?
O que seria do jornaleiro, sem meu trocado amolgado para pagar o cigarro?
O que seria da fotografia, sem meus olhos para reconhecer?
O que seria do rádio, sem meus ouvidos dispersos, meu sorriso involuntário?
O que seria dos meus 22 gatos pretos, se anunciassem meu corpo inativo?
O que serei, quando já não for?
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