domingo, 27 de junho de 2010

Filosofia gastronômica

Andei subestimando abobrinhas
E o tempo de cada coisa.
Os vapores, os sentidos,
O que é necessário para ceder.

Pratico minha mira no escuro,
Pesando anéis feitos de azul,
Mas nunca pude concluir
Porque os guardanapos são tão sérios.

As vidraças vestem persianas,
A gola pólo joga tênis,
Porque nem só de saltos altos
Vivem os egos.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Sintaxe

Amar,
verbo no infinitivo
que conjugo de forma irregular.
Almejo um objeto direto,
exijo um pronome reflexivo
incondicional:
" Que tu me ames"...


Em orações incoordenadas
repletas de conjunções "se".
Um amor em primeira pessoa
sujeito oculto, singular:
" Te amo"...


Às vezes imperativo
quando em tempo presente,
substantivo metafórico de linguagem ,
vocativo:
" Amor"...


Verbo de gramática difícil que,
mal empregado pelo pronome pessoal
e, carente de atenção ortográfica
declina invariavelmente
no pretérito imperfeito...

domingo, 20 de junho de 2010

Das Palavras Alheias

- Pouco café, muito açúcar.
Desenho bigornas de éter
enquanto bocejo vazios.
Amarro nossos cadarços
e sigo por destinos fugidios.
Contemplo a desmesura das begônias
em estado de paralisia cabalística.
Elas compartilham meticulosidades
com lençóis de outono
estendidos em setembro,
aleatoriamente.
E eu catalogarei calendários
quando alcançar tua casa.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Alma Escrita

Ler minha alma,
será que alguém pode?

Estrofe por estrofe e as entrelinhas,
As rimas ,as quebras do ritmo
as melodias,curar minhas feridas

Dissolver o Veneno que corre em minhas veias
e apodrece em meu coração , que pouco pulsa
Ler meu romance, minha prosa, conto e poesia
ler meu destino, minhas cartas, bilhetes olhares

Sorver nos lábios a lágrima que corre minha bochecha
Encontrar as páginas ainda em branco
e escrever as mais doces palavras
as mais fortes emoçoes

E sem um ponto final guiar-me por caminhos da fantasia,
Por contors de fadas, eróticos.
Por Dramas, romances, comedias, ensaios.
Ir entre os autores conhecidos e desconhecidos

Roteiristas de cinema e astros da música
soprar palavras nas paisagens bucolicas
transformar-lhes em terras de travesseiros com retalhos coloridos
ir além de castelos e terras desconhecidas
desbravar mares, participar de orgias

Correr a noite , de mãos dadas na tarde
ver o céu azul ficar cinza, e deitado no chão
erguer minhas maos para o céu e desenhar com a ponta dos dedos
nuvens de utopia e sonhos de algodão doce

Será que viraria um best - seller?

terça-feira, 15 de junho de 2010

Miopia


De novo, à tona, meus conflitos...

À luz da minha miopia os caminhos

irremediavelmente nebulosos.

Fecho os olhos, faróis de milha,

que insistem em mostrar

o inevitável dia seguinte

com seu óbvio desconcertante.

segunda-feira, 7 de junho de 2010


Transformers


diadema vira tiara

rouge vira blush

grená vira bordeaux

gasosa vira refri

japona vira jaqueta

brega vira sertanejo

(universitário)

carta vira e-mail

Conga vira retrô

bicho vira cara

que vira véio

governo vira...

não vira.

Nós vira eu e você

que vira demodé

demodé vira out

tempo vira passado.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Mundo acolá

Há um mundo triste nos meus olhos
Longe da matéria pós pupila

Os castelos vivem corações
As terras choram grãos
Os cavaleiros trazem caixões

Eu posso chorar
E no meio de lágrimas um furacão

Vivo dentro de mim
Com intenso prazer
E o remorso só me abate só

Nessa terra longe, sem vida
Vive um homem sem mim

Na terra dos meus olhos sou eu
Mas também é outro
Carregando o âmago

De certo modo sem maneira
Correndo a certeza corpo afora

Então as plantas são tolas
A vida é prática, se resume
Um punhado de lápides cristalinas

E o que se pode dizer disso foi dito
Antes de trabalharmos olhares

Posso morar em mim e fugir
Um pai sem filho feliz e louco
Eu um mentiroso sorridente